A cinomose é um doença canina viral de importância mundial e endêmica no Brasil. Felizmente, ela não é uma zoonose, mas sua taxa de mortalidade entre os animais infectados que não conseguem uma eficiente resposta imune contra o vírus é muito alta.
O contágio acontece quando cães saudáveis entram em contato com secreções respiratórias e conjuntivais, urina, sangue, fezes e saliva de cães contaminados. A infecção pode se dar no sistema nervoso central e tecidos epiteliais, como pele, glândulas, epitélio do trato respiratório, epitélio do trato gastrointestinal e epitélio urinário. Como o vírus causa imunossupressão, é importante que o clínico se atente à ocorrência de infecções secundárias causadas por microrganismos oportunistas, como toxoplasmose, neosporose, salmonelose, piodermatites bacterianas, entre outras.
Sinais clínicos
Prostração, apatia, hiporexia, febre, linfadenomegalia e esplenomegalia são alguns sintomas clínicos inespecíficos que os cães com cinomose podem apresentar. Outros, mais característicos da doença, são:
- Sinais respiratórios: secreção nasal mucopurulenta, tosse, dispneia, estertores e sibilos à auscultação
- Sinais oculares: KCS, secreção mucopurulenta, neurite ótica com cegueira súbita, degeneração, necrose ou descolamento da retina
- Sinais odontológicos: infecções de odontoblastos, hipoplasia de esmalte em animais jovens
- Sinais dermatológicos: dermatite vesicular e pustular, hipereratose de coxins e focinho associada a sinais neurológicos
- Sinais gastrointestinais: anorexia/hiporexia, vômito, diarreia, intussuscepção, desidratação e emaciação
- Sinais neurológicos: hiperestesia e rigidez cervical (meningite), crises epiléticas generalizadas ou focais, síndromes vestibulares, síndromes cerebelares, paresia/paralisia, ataxia e mioclonias
Diagnóstico
O diagnóstico da cinomose é realizado a partir dos sinais clínicos que o animal apresenta associados ao histórico (status vacinal e se houve contato com animais infectados) e exames.
Nos hemogramas, a alteração mais comum apresentada é a linfopenia. Testes de imagem também podem ser realizados para verificar o padrão intersticial e alveolar, secundários a uma pneumonia que o animal pode desenvolver.
Outros testes mais específicos que podem ser realizados são PCR e Elisa, sendo este um rápido imunoensaio cromatográfico para detecção do vírus, o qual pode ser realizado dentro da clínica veterinária, de forma fácil e barata, utilizando secreções nasais, secreções conjuntivais, soro, plasma, urina e liquor do animal.
Tratamento
Não existem medidas terapêuticas diretas para o combate da cinomose canina, de modo que o tratamento é inespecífico e de suporte. Ele é efetuado com o objetivo de fortalecer o sistema imune do animal para que a infecção seja debelada.
As principais medidas adotadas são a hidratação, antibioticoterapia para as infecções secundárias que porventura aparecerem, antiepilépticos, nutrição, controle do vômito e administração de vitaminas B, E e A.
Prevenção
Como método de prevenção, a vacina é o mais eficaz. Além disso, manter o pet em ambiente seguro, sem contato com cães desconhecidos, também é eficiente.
É preciso esclarecer, principalmente para os tutores que têm mais de um cão em casa, que a partir do momento que há a suspeita da cinomose, o animal deve ser separados dos demais, sem qualquer tipo de contato. A desinfecção do ambiente também deve ser realizada frequentemente, já que, felizmente, o vírus causador da doença é destruído por desinfetantes simples, calor, raios UV e antioxidantes.
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