Necropsia em gatos: como fazer a avaliação das mucosas?

Na necropsia é feita uma análise detalhada do cadáver, tanto na parte externa como interna. O exame externo nada mais é que uma avaliação detalhada da superfície do cadáver. Trata-se da primeira fase da necropsia em que informações relevantes são coletadas para elucidar a causa mortis do animal.

“Nesse primeiro momento, o médico não deve realizar cortes no cadáver, mas avaliá-lo quanto ao estado das mucosas, o escore corporal, a presença ou não de ectoparasitas, e estado em que se encontram as articulações”, explica João Paulo Machado, Médico Veterinário e Professor do VET Profissional, que é Doutor em Medicina Veterinária.

Aqui, vamos entender como é feita a avaliação das mucosas:

• Mucosa oftálmica: observe a coloração da mucosa superior e inferior ao redor dos olhos. Mucosas hipocoradas podem indicar casos de anemia e mucosas congestas ou hipercoradas podem indicar casos de choque.

• Mucosa oral: observe se há presença de corpos estranhos na cavidade oral do animal, pois a presença desses pode indicar problemas neurológicos no paciente. Verifique a coloração e presença ou não de ulcerações na mucosa oral, pois podem representar quadros clínicos de doenças infecciosas e uremia.

• Mucosa nasal: avalie externamente o canal nasal, se há presença de corrimentos purulentos ou sanguinolentos. A aparência e o tipo dos exsudatos encontrado nas mucosas nasais são sugestivos de agentes etiológicos específicos. Exsudação de pus pelo nariz indica a ocorrência de infecções bacterianas, já os corrimentos sanguinolentos, serosos ou catarrais, são representativos de traumas.

• Mucosa auditiva: avalie o conduto auditivo externo e verifique a presença de parasitos. Observe se há vermelhidão ou inchaço que podem ser resultantes de otites bacterianas ou micóticas.

• Mucosa genital: observe a coloração da mucosa genital, se está hipercorada ou hipocoradas. Em fêmeas, é necessário verificar a ocorrência de corrimentos vaginais de natureza mucosa, catarral, hemorrágica ou purulenta. Esses podem indicar vaginites e piometras. Em machos é necessário expor o pênis do animal para avaliar se há presença de tumores venéreos transmissíveis (TVT) que formam massas de aspecto irregular, semelhantes à couve flor.

• Mucosa anal: avalie a coloração e observe a presença ou não de prolapsos no ânus, diferenciando-os do pseudoprolapso retal (raros em cadáveres de carnívoros, mas muito comuns em ruminantes devido à pressão intra-abdominal desses animais). Observe se há presença de conteúdo diarreico na mucosa anal e se há sangue digerido nas melenas – fezes líquidas. Tal quadro pode indicar lesão hemorrágica no estômago ou na mucosa do intestino delgado.

Aprenda mais sobre esse assunto na área Anatomia Patológica – Técnica de Necropsia do VET Profissional, com o Prof. Dr. João Paulo Machado, Doutor em Medicina Veterinária – Patologia Animal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). O VET Profissional é a plataforma de aperfeiçoamento mais completa para Médicos Veterinários e estudantes de Veterinária, com milhares de vídeos para aprender rápido e salvar mais vidas. Tenha acesso ilimitado a centenas de aulas práticas, cursos online, casos clínicos e casos cirúrgicos na palma da sua mão!